Eduardo Salvino, 2005 - Ocupação - Paço das artes


Artista-repórter

Entre um B.O. do espectador que foi sequestrado pela ocupação e a entrevista cifrada de uma das artistas participantes (que se resume à repetição pela artista de quatro ou cinco das palavras mais importantes na descrição de seu processo criativo), Eduardo Salvino vai compondo suas reportagens sobre o evento no paço das artes. O artista propõe uma visão nada ortodoxa de jornalismo cultural para subverter o que considera as "arapucas da mídia": sempre que alguém é entrevistado, a manipulação do que diz é tanta que se instaura a dúvida acerca de se a pessoa foi objeto de uma reportagem ou vítima de uma cilada. Gravador em punho e vestindo a camisa de repórter, na sua cobertura da ocupação Salvino leva ao extremo a cultura do remix da fala alheia e gera narrativas ficcionais na forma de impressos que são, por meio de uma técnica de origami, transformadas em pequenos pardais. Eles ficam dispostos no espaço e podem ser destruídos/lidos por quem quiser.
O artista está fazendo uma cobertura completa, entrevistando público e participantes ao longo dos
três turnos. Nos sábados de encerramento de
cada turno, ocorre a "pardalada", quando todas
as matérias já realizadas invadem a escadaria
do paço das artes. Agarre o seu pardal!

Juliana Monachesi
Critica e Jornalista