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ensaios
“do inorgânico ao orgânico:
o ‘projeto cabine’ como des-pro-grama-dor”
A partir do “projeto cabine” de Bruno Mendonça e Natalia Coutinho, 2016, um dispositivo que está em relação à +, propomo-nos reflexões sobre alteridade, singularidade e ubiquidade, balizadas pela (os): nomeação, classificação e designação das coisas e dos seres.
Todas a imagens são do autor do texto, exceto as imagens: 4, 8, 9 e 10, disponíveis na WEB.
Texto:
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Esta frase é sugestiva pois, por mais que sejamos vinculados por carinhos e afetos, falar sobre seu trabalho insere, também, recordações dos nosssos muitos encontros nesse curto espaço de tempo:
o primeiro encontro – você descrevendo as cores das ervilhas ao classificá-las entre os outros legumes de seu prato, enquanto seus pais insistiam para que você tomasse a sopa.
o segundo encontro – você falando de alguns de seus relacionamentos do cotidiano, o estar com o outro…
Enfim, depoimentos que envolviam todos à sua volta que se identificavam com os fragmentos de suas falas.
Todos que, de alguma forma, doavam elementos para suas criações como o “Sultimente” – meu coração te observa. “Sultilmente” é uma de suas performances onde você se instala por um longo tempo em uma cadeira bem alta, não para criar uma situação hierarquica, mas para potencializar o toque que o outro te da enquanto você fica de olhos bem fechados.
“Fragmentos”, outra obra sua, onde o fechado e o aberto se integram nas suas células interligadas por frases, um velamento de olhos alheios numa tentativa de desvendar pequenos segredos. Todos esses trablahos são, de fato, pesquisas onde a afetividade norteada pela palavra se faz presente.
Palavras invisíveis em outros trabalhos, como aquele em que você, em vôos noturnos, recolhia roupas das ruas e as tratava, lavava e passava, como se cuidasse do próprio corpo que as recebeu.
É, Anabela! Assim é o ciclo, permite quebras às vezes, mas é assim: uma soma de laços.
* Título da obra de Anabela Santos, composta de 23 blocos de vidro com fragmentos de palavras que formam uma frase.
Eduardo Salvino
Projeto Tripe Palavra, 2006, SESC Pompéia – São Paulo/SP.