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SALVÍFICOS MOVIMENTO #2— FÁBULA
2023
Utilize o leitor do código de barras do telefone móvel apontado para o “retrato modelo” (Rugendas - Mina) e acesse sua possível origem africana via leitura de sua face. Os testes algorítmicos mostram o caminho para sua ancestralidade e suas origens, oferecendo resultado em minutos. Desvende a sua história sem testes de DNA e encontre “pares” que partilham de singularidades contigo.
Salvíficos movimento #2 — fábula, de 2023, problematiza
a ideia de representação, referencial imagético e padronagem por meio
do emprego da parametrização, a fim de refletir sobre a hegemonia visual, o racismo e o memoricídio no âmbito das narrativas audiovisuais.
Ao fazê-lo, o trabalho também leva a considerar que o modelo de algoritmo presente nessa proposta pode constituir um contraponto a tantos outros presentes no capitalismo de vigilância do mundo informacional. Algoritmos estes que se apropriam dos bancos de dados dos usuários da Web para a análise das informações encontradas, com a intenção de transformá-las em commodities para os mais variados fins. Interessa aqui ter em mente, para mais reflexões a respeito de padrões, as capturas externas do sujeito, procedimentos como indagações sobre as atuais vigilâncias intra e extracorporal, como os testes de DNA.
O jogo, cuja interface conta com componentes imagéticos e sonoros que remetem ao afrofuturismo, tem uma trilha sonora para cada “reino africano”, bem como uma trilha de continuidade para a programação interativa. Assim, o objetivo é fazer com que esse “algoritmo aprendizado de máquina” aprenda uma regra geral que mapeia as entradas para as saídas. As imagens e os textos, além de páginas construídas manualmente, são, também, de endereços da própria internet, buscados e ativados por links. Usa-se o modelo de algoritmo exato ou aproximado de complexidade computacional a partir de estratégia determinística ou aleatória, pois o recurso busca uma resposta próxima à verdadeira solução. A obra reúne as tipologias encontradas nos rostos; por isso, como resultado da interação de distintos usuários, temos como cômputo diferentes mapeamentos faciais, singularidades externas que remetem a Angola, Congo, Daomé, Gana, Ioruba, Mali, Malungo, Moçambique, e Quiloa — reinos da África. Intenciona-se a busca dos “eus”, constituídos como fotos faciais dos residentes do continente africano, presentes numa cartografia contemporânea, em cidades, estados, enfim, “territórios além-reinos”.
“9 reinos” em parte fictícios, que não correspondem às delimitações dos territórios de suas respectivas origens. Eles englobam culturas, impérios e tribos com características que se aproximam. Reinos criados com a intencionalidade de, junto aos interatores de Salvíficos movimento #2 — fábula, construir em tempo real uma deriva prática, na qual o público, jogando na plataforma, percorre os reinos da África, numa viagem ao presente, passado e futuro que re-codifica lugares, coisas e saberes.